segunda-feira, 4 de junho de 2012

Ouvir é ouro e falar é prata



Quanto comércio tem sido estabelecido em função da promessa da felicidade! E quanta gente, com o desejo verdadeiro de ser feliz, acaba buscando coisas falsas.


O desejo de ser feliz foi plantado em nós por Aquele que nos criou. Essa ânsia, este desejo de ser feliz completamente, é próprio do homem; foi Deus quem plantou isso no interior deste. Aquele, que é feliz por excelência, colocou em nós o desejo de sermos felizes como Ele o é. 


O Senhor nos deu o caminho para alcançarmos essa graça, Ele não nos deixou perdidos buscando a felicidade em coisas ou em pessoas, sejam estas boas ou ruins. É preciso buscar no lugar certo a promessa dessa felicidade, ouvir, buscar e praticar.


Ouça (coloque o seu nome) e para ouvir é preciso fazer silêncio, mas isso não significa cruzar os braços e não fazer mais nada; esta deve ser uma espera atenta: ouvir a Deus para ouvir as pessoas que estão ao seu lado. Espera atenta para ouvir e entender, pois quanta confusão seria evitada na nossa vida se parássemos para ouvir ao Senhor de forma a ouvir aquilo que estamos sentindo e pensando. 


O diálogo começa não quando eu falo tudo o que quero, mas quando fecho a boca e abro o coração para ouvir o outro; não é quando eu vou reivindicar todos os meu direitos. “Ouve, ó Israel!” (Deuteronômio 6, 4a) É ordem do Senhor. E como colheremos as direções se não pararmos para ouvi-las? Ou como queremos construir unidade entre aqueles que amamos se não paramos para ouvi-los? O diálogo começa quando eu cumpro esta ordem: “Ouve!” Quer construir unidade? Quer ser feliz? Ouça!


Para proclamar que Jesus é o Senhor, é preciso primeiro ouvir, pois quando a boca proclama essa verdade [que Cristo é o Senhor] é porque os ouvidos já ouviram a Palavra. “Amaras o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todas as tuas forças” (Deuteronômio 6, 5). 


Amar a Deus com o coração, com os sentimentos, com a sua alma, com seus pensamentos, com a sua razão, com a sua vontade, que é tão forte como sua liberdade. É o Senhor nos mostrando que – para sermos felizes – precisamos ser inteiros. De que adiantará se só a boca cantar? Se a alma está vazia ou com uma vontade fraca ou com uma “liberdade” escrava?


Quem é que está disposto a acolher um amor pela metade? Uma declaração de amor que diria: “Ah! meu bem, eu te amo com um terço do meu coração!”. Que declaração é essa pela metade? O Senhor não aceita nada pela metade, Ele gosta de tudo inteiro, por isso, assume a nossa “inteira porcaria” para transformar num inteiro dom. Ele não tem medo de assumir o nosso inteiro dom para multiplicá-lo.


 Deus assume o inteiro ainda que nós estejamos machucados, entregues aos pedaços, pois Ele tem força de nos reconstruir por inteiro. Ninguém quer chegar ao final do mês e receber só a metade do salário, nem usufruir só a metade do casamento ou só a metade de um filho.


O Senhor quer todo o nosso coração! “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o te coração...” (Deuteronômio 6, 5a). A Palavra convence o nosso coração de que estamos nos emprestando aos pedaços, e quem faz isso nunca faz a experiência de uma alegria completa. Queremos ser felizes, mas damos para Deus uma esmola dos nossos sentimentos, um terço da nossa vida. Todo o mundo quer ser feliz por inteiro. 


Com Deus não se brinca! Ou eu me dou por inteiro e não tomo mais de volta ou ainda não me entreguei por inteiro verdadeiramente.


Quer descobrir o segredo da felicidade? Ouça a Deus! “Ouvir é ouro e falar é prata”, ouvir vale mais, porque quem ouve, acolhe, conhece e pode com as palavras amar. Quando eu só falo, eu julgo e machuco.


 Padre Fabrício L. de Andrade

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